15.5.10

Eu fui.

"Ontem, dia 12 de maio, ocorreu o primeiro da série de Seminários de Cinefilia, promovida pelo Espaço Unibanco de Cinema. A palestra foi aberta com o documentário “Cidadão Langlois” (1995), de Edgardo Cozarinsky, sobre Henri Langlois (1914-1977), que dedicou sua vida a resgatar objetos e filmes, idealizando e criando a Cinemateca Francesa. Langlois teve um papel fundamental na formação de diversos cineastas, como a geração de jovens autores da nouvelle-vague, Walter Salles e outros.
Segundo o professor e debatedor Ismail Xavier, a cinefilia é a invenção de um olhar e está relacionada tanto a um aspecto de ritual privado, quanto a um local social de encontro. O professor da USP destacou e dividiu a história da crítica em fases. No início, a crítica discutia o cinema como percepção visual e como arte. Neste contexto, citou uma frase de Méliès dita em resposta à exibição do filme “Le Repas de bébé”: “As folhas se agitam.” A segunda fase, foi composta pelos filhos das cinematecas. Trata-se, portanto, da geração de críticos da Cahiers du Cinéma, que não faziam um embate com o cinema industrial e defendiam o chamado cinema de autor, ou melhor dizendo, de estilo. A terceira fase é a das universidades, a princípio com historiadores e críticos como Paulo Emílio Salles Gomes, e depois com o surgimento de cursos de cinema.
Walter Salles, por sua vez, fez uma fala biográfica sobre como começou seu interesse por cinema. Como sempre, fez diversas citações de textos, autores e cineastas. Também fez um comentário interessante sobre aquilo que chamou de “a questão geopolítica que envolve o 3D”. Disse que há uma democratização da imagem, com as facilidades de produção de filmes em celulares e outros suportes mas que, por outro lado, há um retorno ao cinema industrial com a passagem das gravações de rua para as de estúdio, fazendo o movimento contrário ao do neorealismo.
Repetindo parte do seu discurso feito ao receber o prêmio Robert Bresson, no 66º Festival Internacional de Cinema de Veneza, Walter Salles falou de suas principais influências: Antonioni ensinou-o a ver o valor do espaço; Bresson, do tempo; e Hou Hsiao Hsien, da delicadeza. Isso tudo pode ser constatado, assim como em suas outras obras, em um curta-metragem seu exibido apenas duas vezes até ontem. No filme, ele discute se seu filho Vicente terá com o cinema o mesmo tipo de ligação que ele, se os filmes importantes para a sua formação também serão tão belos e emocionantes para esta nova geração. Foram três minutos de intimidade e identificação cinéfila."
Diários de Motocicleta, diários dos atos heróicos de cada um de nós. Diários de Walter Salles.
E me emocionei.

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