29.4.10

Não (se) perca em São Paulo, ou poesia concreta pra todo mundo, pois gente é igual.


Publicado no Guia, em O Estado de S. Paulo, em 12/03/10

Vem um gringo. Você vai mostrar a cidade para ele. Abre-se então um abismo. Qual São Paulo mostrar: a do Brasil, ou a do mundo? Um fim de semana é pouco para conhecer tanto uma quanto outra. E, por mais que você argumente que as duas são uma só, que ser plural é exatamente a personalidade de São Paulo, etc et al não adianta. O gringo ou sai dizendo “This is NY, Tokio, Paris and London” ou sai dizendo “Hey, I’ve been to Brazil”.

Faça o teste faz-de-conta. Leve o gringo hipotético à feirinha do Bixiga, depois vá comer acarajé no Soteropolitano, seguido de um show no Sesc. Passeie pela rua Augusta (mas pare antes de virar Av. Europa!), uma ida a Embu, praia (vá por Mogi), chopinho no Filial, ou Genésio, ou Bar Leo. Um jogo no Pacaembu, capoeira na Praça da República, pastel com caldo-de-cana na feira e, como toque final, uma carne de sol no Andrade. Resultado: Brazil-zil-zil.

Agora mude: leve o irmão do seu amigo gringo imaginário para um drink no Spot, passear na Oscar Freire (mas pare antes de chegar na Augusta!), visitar o MASP ao cair da tarde, almoçar no MAM, um show no Auditório Ibirapuera, ver o Copan, balada no Bar Secreto, praia (vá pela Imigrantes), comida judaica na Shoshana e, para terminar, jantar no Dui. Já na espera do Dui ele está mandando SMS para os amigos de Los Angeles (lá são 6 horas mais cedo) dizendo que está visitando a melhor cidade do mundo. Pois é lá onde ele está: no mundo, não no Brasil. Para o efeito ser mais poderoso, tente fazer tudo isso evitando as Marginais.

Juntar as duas cidades na cabeça, e entender a mistura, não é coisa para gringo. É coisa para brasilianista, ou seja, um brasileiro profissional.

Eu ainda não sei misturar as São Paulos muito bem, e não decidi qual é a versão certa. Quando vou à Olinda, acho que São Paulo é tudo menos Brasil. Ou melhor, do Brasil só herdou os defeitos. O resto fez sozinha. Todo mundo que vem para cá vira outro: mais competente, mais informado, mais calejado também. O dinheiro faz ir de uma a outra, como uma passagem que você compra mas não viaja de avião, nem de ônibus, nem de trem. É viagem para cima, não para os lados.

Embarquei nesta há 17 anos. Aqui aprendi a comer pistache e azeite com pão. Só isso já faz de mim um gringo de mim mesmo. Assim como o sushiman cearense, premiado, finge que no seu sotaque não existem mais as velas de Mucuripe.

27.4.10

Hoje eu sonhei com Deus.
Quanta gratidão!
Meu Deus!
E acordei por volta das cinco e meia da manhã, encantada.
Querendo entender, sentindo amor, a natureza daquela montanha sábia.
Mestre Gabriel, Master Gabriel.
Estrelas.
Burracheira.
União.
As cadeiras, a sessão.
Salomão, luz, Gabriel, natureza, aquela sensação única do auto-conhecimento chegando.
Mariri e Chacrona.
Beleza.
Eu em paz, integrada, integral.
E soube bem cedinho que minha avó paterna havia falecido no horário que sonhei.
Ela passou aqui.
Saiba, Vó Bertolina que as dores me afastaram da Senhora, mas a Realidade Espiritual me mostrou o seu amor por mim e o meu por sua história, o seu matriarcado forte, ligado à Nossa Senhora, à disciplina, nos mostrando que devemos seguir seu exemplo como guerreira que sempre foi.
Descanse em paz.
A Senhora merece.

Débora Bloch.

"Rugas são um patrimônio, a nossa verdade”.

24.4.10

Elegância em seus vários aspectos implica em sobriedade.
Ela me parece lúcida, essa tal Elegância.
Fina, simples, chique.
Sóbria, capaz de si mesma.
Sabe e faz. Discreta.
Ouve boa música.
Nu Jazz.
Interpol.
Day.Din.
Mixa e faz links em tons que você sequer ousaria imaginar.
Mas você não sabe.
Dança tudo e convicta está de que é a própria coreógrafa dos também próprios quadris.
No seu medo moram encantos.
A vida é a maior aventura.
Os amores se foram.
Não eram.
Andou, viaja além mar.
Quantos quilômetros a separam de si mesma?
Volte querida.
À sua simples casa colorida.
(COR)AÇÃO.

8.4.10


(Im)PERFEIÇÃO.

Nariz grande.
Disforme.
Enorme.
Perfeito pra mim.

Campos amarelos e o vento.

Intriguei com o trigo.
Intrigal.
Integra.
Íntegra.
Integral.
Trigo.
Campos amarelos.