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"Hannah Arendt e Martin Heidegger" - uma relação atribulada de dois pensadores
por Agência Lusa, Publicado em 19 de Dezembro de 2009

O complexo relacionamento entre a teórica política Hannah Arendt e o filósofo Martin Heidegger é recuperado num livro da editora Relógio D'Água, que chega às livrarias quando o Teatro Aberto tem em cena uma peça sobre o mesmo tema.

"Hannah Arendt e Martin Heidegger", escrito pela docente Elzbieta Ettinger, descreve, com recurso a informação histórica e à correspondência trocada pelos dois pensadores alemães, ela judia e ele simpatizante nazi, a atribulada relação que mantiveram durante meio século, entre 1925 e 1975, ano da morte de Arendt.

Cruzando os planos erótico e intelectual, a relação entre os dois eminentes pensadores, que foi marcada por um longo interregno entre 1933 e 1950, sobreviveu ao matrimónio de Martin Heidegger e aos dois casamentos de Hannah Arendt.

Ao longo de 15 capítulos, o livro relata a aproximação de Arendt e Heidegger, de quem foi discípula no curso de Filosofia da Universidade de Marburgo, na Alemanha, e a sua separação após este, por influência da mulher e por convicção e ambição pessoais, se filiou no Partido Nazi, defendendo as teorias anti-semitas de Hitler.

Apesar da separação, Hannah Arendt nunca deixou de admirar as capacidades intelectuais do autor de "Ser e Tempo", vindo a trabalhar empenhadamente na retratação da sua imagem pública após a II Grande Guerra.


Energias atribuladas podem ser colaborativas.


Quanto a Martin Heidegger, só na recta final da vida dos dois viria a mostrar um genuíno interesse pelo trabalho académico da autora de "As Origens do Totalitarismo", entretanto distinguida com o Prémio Lessing e o Prémio Sonning por Contribuições à Civilização Europeia.

Para escrever esta obra, Elzbieta Ettinger acedeu à correspondência privada de Heidegger - que só pode ser tornada pública dentro de várias décadas, pelo que é aqui citada indirectamente - bem como a cartas trocadas entre Arendt e outros pensadores seus contemporâneos.

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